Sobre


Alberto Gorayeb é Médico Psiquiatra (CRM-PE 25060, RQE 10980), Doutorando em Saúde Integral e Mestre em Cuidados Paliativos pelo Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). O IMIP é o maior complexo que atende exclusivamente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) do Norte/Nordeste do Brasil, realizando cerca de 600mil atendimentos ao ano. O serviço de psiquiatria, especificamente, conta com o programa de residência médica desde o ano 2014.

Grandes Síndromes

Transtorno
obsessivo-compulsivo

Transtornos
do humor

Transtornos
psicóticos

Transtornos do
neurodesenvolvimento

Transtornos
de ansiedade

Transtornos por
uso de substâncias

Transtornos
alimentares

Transtorno da
personalidade

Transtornos
neurocognitivos

Transtornos
relacionados ao estresse

Dúvidas Frequentes

O que é a consulta psiquiátrica?

Entendo uma primeira consulta como um convite. De um lado alguém que travou grandes desafios até bater aquela porta, do outro lado aquele que precisa estar disponível para acolher, ouvir e sentir. Este é o início de um caminho cujo objetivo não é norteado pelo detentor do conhecimento técnico, e sim por aquele que tem uma história para contar.

Não existe uma forma correta ou ideal para tal. A partir da narrativa e do tempo do outro, deste lado nós buscamos entender o que está acontecendo, objetivando desenhar o suporte proporcional e possível para cada caso.

Psiquiatra é o médico do louco?

No passado tidos como “desviados”, as pessoas com doenças mentais, bem como leprosos e os demais que por alguma razão não conseguiam adaptar-se às formas disciplinadas de convivência, foram destinadas à privação da liberdade e a um suporte não científico, excludente e opressor.

A psiquiatria, ciência de cuidado do subjetivo, passou por uma série de reestruturações ao longo dos anos. Aproximou-se do método científico e hoje firma-se como prática baseada em evidências. Aprendeu (e continua aprendendo) que doenças  e diagnósticos se repetem e se recriam há milênios, mas que histórias, estórias e biografias não reincidem. Valorizou a dor do outro e entendeu que o sofrimento é uma melodia que toca a uma só nota.

O louco. Quem o é?

Anteponho-me ao desejo de cuidar de gente. Cuidar de histórias com melodias, cuidar de vidas e aprender com cada uma delas.

Psicologia e Psiquiatria: quais as diferença e as conexões?

Não é necessário muito esforço para perceber que os saberes dos profissionais que atuam em saúde mental são tão diferentes quanto complementares. Certamente a psiquiatria e a psicologia compartilham mais semelhanças do que dissonâncias. Não são, e espero que nunca sejam, ciências que caminham em direções opostas. Se existir um caminho próprio entre ambas é o da promoção da qualidade de vida e da redução e ressignificação das angústias e temores que cada um de nós carregamos.

O psicólogo é o profissional capacitado para o desenvolvimento da psicoterapia em infinitos cenários e a partir de diversas vertentes como a psicodinâmica e a cognitiva. Ao médico psiquiatra cabe a expertise da avaliação, diagnóstico, tratamento (medicamentoso e não medicamentoso) e seguimento de pessoas que passam por transtornos mentais; o engajamento na elaboração de estratégias de promoção de saúde mental (ou seja, não cuidamos apenas de pessoas adoecidas); e também a prática em psicoterapias.

Toda medicação psiquiátrica causa dependência?

Quando estamos diante da dor e do sofrimento é necessário que encontremos quem nos dê a mão, é preciso criar aliados. Tal qual a psicoterapia, a farmacoterapia (uso de medicações) é uma importante estratégia de tratamento. Quando bem indicadas e baseadas nas mais atualizadas evidências científicas, as medicações podem modificar a história natural de diversas doenças e, por conseguinte, promover qualidade de vida e alívio do sofrimento.

Existem medicações que causam dependência? Sim. No entanto, definitivamente, não são a maioria delas. Muitos dos casos de dependência que assistimos são fruto do uso deliberado e da auto-medicação, práticas que não são próprias da psiquiatria.

Qual o papel dos exames no diagnóstico e no tratamento em psiquiatria?

O vínculo de respeito e confiança que almejamos construir, sem sombra de dúvidas, é o que há de mais valioso no processo de cuidado. O método clínico em psiquiatria advém de escuta e observação. Em casos selecionados precisamos lançar mão de exames complementares (ressonância nuclear magnética e eletroencefalograma, por exemplo) para auxiliar no diagnóstico de algumas síndromes psiquiátricas.

Espiritualidade e Saúde Mental: estamos falando de que?

Demonstrou-se que a espiritualidade têm implicações significativas na prevalência (especialmente em transtornos depressivos e por uso de substâncias), tratamento (ex.: comportamento de busca de tratamento, aderência, terapias complementares), desfechos clínicos (ex.: melhora clínica, suicídio) e prevenção, bem como na qualidade de vida e bem-estar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já inclui a espiritualidade como uma dimensão da qualidade de vida.

Evidências mostram que a espiritualidade deve ser incluída na prática clínica, independentemente da orientação espiritual, religiosa ou filosófica dos psiquiatras. No entanto, poucas escolas médicas ou currículos de especialidade fornecem qualquer treinamento formal para psiquiatras aprenderem sobre a evidência disponível ou como abordar adequadamente o assunto, tanto na pesquisa quanto na prática clínica.